RESUMO BIOGRÁFICO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA

Vista da Ilha e da Cidade de Batavia Pertencentes aos Holandeses
Esta gravura da capital colonial holandesa da Batávia (atual Jacarta) foi criada por Jan Van Ryne em 1754. Situada na foz do rio Ciliwung, Jacarta foi o local de um povoado e de um porto, remontando, possivelmente, ao século V d.C. Em 1619, os holandeses capturaram a existente cidade de Jayakerta (que significa "fortaleza gloriosa" em sundanês) e construíram a cidade murada da Batávia, que se tornou a capital das Índias Orientais Holandesas..


RESUMO BIOGRÁFICO DE JOÃO FERREIRA DE ALMEIDA
Por Lucio Mauro

João Ferreira de Almeida, português, natural de Torre de Tavares, lugarejo vinculado ao conselho de Mangualde, onde nasceu, em 1628. Seus pais eram portugueses, católicos, e morreram quando seu ilustre filho era ainda um menino. Por conseqüência deste episódio, João Ferreira se transferiu para Lisboa, sendo adotado pelo seu tio que era membro de uma ordem religiosa.

Desde criança, João Ferreira recebera intensa educação visando seu ingresso no sacerdócio. Ainda adolescente, embarcou para a Holanda, e aos 14 anos, mudou-se para a Ásia, estabelecendo-se na Batávia (atual Jacarta, capital da Indonésia). Naquele tempo, a Batávia estava sob o domínio holandês e havia se tornado no centro administrativo da Companhia das Índias Orientais.

Alguns historiadores colocam sua conversão aos 14 anos, em de uma de suas viagens entre a Batávia e Málaca, na Malásia. Durante essa viagem João Ferreira recebeu um folheto em espanhol com o titulo “Diferencias de la Cristandad” (Diferenças da Cristandade), que mais tarde, Quando já era ministro, o traduziu para o latim com o titulo Differtencia d’a Christandade. Este folheto provocou grande impacto naquele jovem. Principalmente a acusação contra suas bases católicas quanto ao uso do latim durante os serviços religiosos, tornando a Bíblia incompreensível para o povo. Uma vez em Málaca, vinculou-se a Igreja Cristã Reformada daquela cidade. Esse episódio foi o fator preponderante tanto para sua mudança do catolicismo romano para a religião reformada quanto para a futura tradução da Bíblia para o idioma vernáculo, o Português.

Como reflexo de sua educação, João Ferreira serviu à Igreja local com notável dedicação. Assumiu o cargo de consolador e mais tarde foi promovido a proponente, na Batávia. É possível que tenha assumido o pastorado da Igreja Reformada na Batávia, após a morte do pastor Bartholomeu Heinen, nascido na Paraíba, mas vindo a morre nesta cidade, em 1886. Alguns citam a data de 1656, como data dos exames teológicos e, tendo sido aprovado, foi ordenado para o ministério pastoral e missionário, portanto, com a idade de 28 anos. Consta também que serviu em Ceilão e na Índia, sendo considerado um dos primeiros missionários protestantes a visitar aquele país.

Apesar de não ter sido sua única contribuição, com certeza a tradução da Bíblia para a Língua Portuguesa foi seu mais importante trabalho literário eclesiástico. Usando como base, parte dos Evangelhos e das Cartas do Novo Testamento em espanhol da tradução de Reyna Valera, 1569. Almeida usou também como fontes nessa tradução as versões: Latina (de Beza), Francesa (Genebra, 1588) e Italiana (Diodati, 1641) – todas elas traduzidas do grego e do hebraico.

Um episódio importante que marcou a trajetória do nosso personagem, foi o julgamento católico que enfrentou quando estava em missões na Índia, perto de 1661. O tribunal da Inquisição que nesta época estava instalado na cidade de Goa, Índia o condenou a morte sob acusação de subversão dos ensinos católicos. O motivo da perseguição foram as acusações que Almeida fazia constantemente contra a Igreja Católica Romana, entre elas a acusação de que a Igreja estava ensinando falsa doutrinas; bem como as denúncias de corrupção no clero romano. A sentença, no entanto, não chegou a ser consumada porque foi promovida sua retirada da Índia, pelo Governo Geral Holandês, sendo trazido de volta a Batávia.

Schalkwijk,Frans Leonard. Igreja e Estado no Brasil Holandês (1630-1654). São Paulo, Ed. Cultura Cristã, 2004.

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